OCI - Modus Operandi

O Observatório da Comunicação Institucional – OCI – criado em 01/02/2013, é mantido por uma sociedade educativa sem fins lucrativos que reúne acadêmicos, profissionais, estudiosos e demais interessados nesta especialidade da comunicação.

O OCI é um espaço destinado à análise e reflexão crítica sobre a conduta das organizações em suas relações públicas – discurso, atitude e comportamento.

Participe enviando questões (textos, fotos, vídeos relacionados à comunicação de organizações públicas, privadas ou do terceiro setor) para avaliação e publicação.

A partir de 01/10/2013, você – ou sua organização – vai poder contribuir para a manutenção do OCI, apoiando a causa de que uma comunicação melhor faz organizações melhores e, consequentemente, um mundo melhor.

E-mail: observatoriodacomunicacao@gmail.com

Twitter: @OCI_RP


segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Este blog dá lugar, a partir de hoje, ao Portal do Observatório da Comunicação Institucional.

Hoje tem início a tradicional "Semana da Comunicação" realizada pelo CEP, desta vez em parceira com o Conrerp1, no Forte do Leme, Rio de Janeiro. O evento vai até o próximo dia 26.

Nomes de relevo nacional participarão da jornada: Margarida Kunsch, Gaudêncio Torquato, Nemércio Nogueira, Lala Aranha e Paulo Nassar são alguns deles.

E no dia 26 de setembro – Dia Interamericano de Relações Públicas – será lançado oficialmente, no evento, o Portal do Observatório da Comunicação Institucional. Marcelo Ficher, coordenador do OCI, fará a apresentação de 9 às 9:45 h.

Por este motivo, este blog tem sua última publicação hoje. Foram mais de 70 notas analisadas em seis meses e vinte e três dias de atividades. Ou seja, mais de três reflexões propostas por semana – subsídio precioso ao estudo de Relações Públicas e Comunicação Organizacional  –, que persegue sua missão educativa em ambiente mais apropriado - um Portal.

Queremos ser fontes de informação e de inspiração para os 107 cursos de RP do Brasil, não só com o trabalho expresso no Portal, mas também por meio de outras publicações, cursos, seminários, oficinas. E a comemoração dos 100 anos de RP no Brasil, em 2014! Para tanto, já iniciamos os contatos.

Vida longa ao OCI! Acesse: www.observatoriodacomunicacao.com.br.

Domínio do fato: não existe opinião pública; o que existe é a opinião de quem publica.


A frase típica da extrema habilidade com as palavras do ex-senador Artur da Távola (PSDB/RJ), morto em 2008, é fato. E até os mui polidos e ciosos botões do paletó azul-marinho de Mino Carta embatucam quando um órgão da mídia impressa “deste país” brande a pública opinião.

Sabe-se que o brasileiro majoritário não lê. Não lê livros, não lê revistas, não lê jornais – que, ano após ano, encolhem tiragens e páginas. Quem sabe agora, com o “cinquentão” do vale-cultura da ministra Marta Suplicy, o brasileiro não melhora a sua performance?

Provocações a parte, parece que, publicamente, poucos além da CartaCapital e deste escriba(*) enfrentaram a ira das multidões – e da mídia nativa – para dizer que a decisão favorável à admissibilidade dos embargos infringentes foi acertada e, de certa forma, uma aula magna sobre Direito Constitucional – muito civilizada e civilizante – ministrada em pleno palco de luta livre.

Quem lê tanta notícia?

Comecemos pela análise dos levantamentos de opinião que pulularam nas manchetes da mídia mainstream. Os números coligidos por Marcos Coimbra (P. 32-33), que é do ramo, não permitem outra leitura que não a da representação fake da tal da opinião pública pela “grande” mídia:

(1) somente um em cada cinco entrevistados atribuiu ao caso a alcunha de “maior escândalo de corrupção da nossa história”;

(2) no auge do julgamento, em 2012, o Vox Populi realizou pesquisa em âmbito nacional na qual indagava, de início, o quão informado o respondente considerava-se. Resultado: os que se consideravam bem informados somavam 18%, mas só 12% souberam dizer corretamente o nome da corte em que o julgamento estava acontecendo.

A mídia, unida, jamais será vencida.

Apesar disso, o jornal O Globo publicou na véspera da decisão um artigo assinado pelo ministro do STF Marco Aurélio Mello, em flagrante desrespeito à Lei Orgânica da Magistratura, que impede pronunciamentos de um juiz quanto a processo em curso, fora dos autos – como aponta Wálter Maierovitch (P. 29). E o jornal O Estado de Minas arvorou-se em publicar – na primeira página –, uma carta ao ministro Celso de Mello, decano da Corte e encarregado do 11º. voto (após empate em 5 a 5 na votação da matéria), em nome dos “cidadãos de Minas Gerais”, reforçando o bullying midiático ao juiz a quem coube, enfim, o desempate na questão dos embargos infringentes. Rodrigo Martins (P. 30).

Contracorrente.

Vale a pena percorrer a edição desta semana da revista CartaCapital para, pelo menos, ter contato com o contraponto – este instituto tão necessário às decisões, às escolhas – sobretudo as de caráter político-eleitoral que, aliás, constituem o pano de fundo de toda a “numerologia” do julgamento do, sic, mensalão(*), como, aliás, atesta o jornal – sempre ele – O Globo, em sua manchete principal do dia seguinte ao julgamento: “STF mantém a impunidade de mensaleiros até 2014”.

(*) O voto de Celso de Mello foi irretocável. Uma aula de Direito, como aliás foram alguns dos votos deste "capítulo" do julgamento do mensalão – a favor e contra os embargos infringentes. O 6 X 5 é prova disto. Por mais que queiramos que a "novela" acabe, não gostaríamos de, sendo réus condenados, não poder exercer o direito fundamental da dupla jurisdição. Básico. Se a justiça falha – porque tarda, no Brasil – precisamos opor-nos a isto e não nos comportar como a torcida do Flamengo, ou do Corinthians, querendo "sangue". Os réus serão todos condenados novamente, tenho confiança nisto, e não poderão usar este "pé" para fazer discursos alegando que o tribunal portou-se como de "exceção". E, também, acessoriamente, um "novo" julgamento fará este grupo (que mais recentemente tentou se apossar do país – há outros que fizeram o mesmo – e o PMDB fez parte das duas tentativas anteriores) "sangrar", "na mídia", por meses, e gerar um fruto eleitoral mais afastado deles – o que agrada-me, sobretudo... a mim, que não votarei mais em qualquer desses "políticos profissionais", pregando uma pacífica desobediência civil. Foi uma sessão histórica. Não pelo vexame que os media propagam, mas pelo pleno exercício do Direito Constitucional. Nisto estamos maduros. (Facebook, 19/09/2013).

(**) Uma expressão, um neologismo, como bem sabem os publicitários, depende de duas coisas: da criação inspirada, oportuna, afiada; e da sua propagação. A expressão mensalão, que “vingou”, é de autoria do ex-deputado federal (PTB/RJ) Roberto Jefferson, cuja denúncia deu início à apuração dos delitos ora em julgamento pelo Supremo Tribunal Federal. A difusão da expressão ficou a cargo da jornalista Renata Lo Prete, então na Folha de São Paulo, responsável pela entrevista-bomba do deputado, em 2005. Como uma espécie de “prêmio”, a jornalista ascendeu na Valíala da mídia tupiniquim e atualmente cumpre expediente diário, como musa dileta do imortal Merval Pereira, nas Organizações Globo.

domingo, 22 de setembro de 2013

Empreendedorismo com recursos próprios e filantropia genuína são "instituições" de que o Brasil ainda carece. Assim como de North.


A matéria publicada na Folha de S. Paulo dá o tom: "... a Open Society, instituição de George Soros, iria cortar a subvenção a sites latino-americanos de reportagem...", e o OCI comenta.

Faltam players no Jornalismo.

Os cursos de Jornalismo, agora independentes (vide matéria sobre novas diretrizes curriculares para o bacharelado), e desde alguns anos "estrelando" o portfolio de escolas de negócios, como o Ibmec e a ESPM, continuam não formando empreendedores e não indo além dos sonhos juvenis de ocupação da bancada do Jornal Nacional e de uma coluna assinada na Folha.

Risco com dinheiro dos outros é refreshment.

Vai daí que assusta os coleguinhas a decisão do magnata Soros de voltar sua veia doadora para causas - como a do combate mais inteligente às drogas - e não mais para a produção de notícias, o que, no mundo todo, é negócio e pode dar lucro. Al Gore, neo-patrono de causas, a propósito, vendeu à Al Jazeera, recentemente, sua Current TV, nos Estados Unidos.

Jornalismo pode até ser causa, sim, mas dos jornalistas, que devem esquecer a - velha - história de emprego e chefes. E partir cada vez mais para um jornalismo de nichos, de bairros, de localidades, de especialidades.

Patrocínio afetivo.

E o crowdfunding chegou para ficar. No Brasil, como sempre, um pouco mais tarde. E embora a mídia nativa (como alcunha Mino Carta) tenha batizado assim a novidade, agora apressa-se a modificar o concept para - bem na moda wiki - chamá-la de "patrocínio colaborativo".

As iniciativas apresentam-se geralmente na internet (aboliu-se os projetos intermináveis em papel ou Power Point), e procuram diretamente os interessados, que podem ser pessoas físicas, doar qualquer quantia e usar ferramentas eletrônicas para isso, tipo PayPal ou PagSeguro. Fácil.

Iniciativas independentes e de fato não-lucrativas (diferentemente de veículos noticiosos), dirigidas à invisível (porque fora-da-pauta) - e verdadeira - causa da "democratização da mídia", como este Observatório da Comunicação Institucional, por exemplo, têm no modelo de crowdfunding um grande aliado.

Esclarecemos ou escurecemos?

Existe um certo (ou errado) espírito do tempo pairando aqui, agora, no Brasil, principalmente nos media, querendo difundir a ideia de que há outro modo de civilização que não seja fundamentada em instituições – como as que conhecemos – fortes. Uma espécie de favela's mindset.

Ocorre que todas as civilizações que chegaram a estágios mais elevados de desenvolvimento (principalmente humano) – no Ocidente e no Oriente – foram construídas sobre instituições fortes, tanto formais quanto informais, e por isso é tão importante conhecer, ensinar e aprender o pensamento do economista Douglass North, ganhador de prêmio Nobel de 1993 justamente por sua teoria institucionalista. Principalmente entre responsáveis pela comunicação do tipo... institucional.

Mas isto não interessa a este espírito do tempo e aos seus dois braços armados; a mídia comercial e a indústria cultural mainstream. E, por isso, North nunca foi traduzido e publicado no Brasil.

Quando lemos hoje, n’O Globo, que o Brasil é o sétimo país em termos de PIB, mas o 56º. em competitividade e 80º. em instituições, isto tem que soar um alarme na cabeça das pessoas que têm discernimento e boa vontade.

Com um regime ditatorial chegamos a oitava economia do globo, e com uma crise mundial que assolou-nos MENOS que a outros países, ainda subimos uma posição, algo que se poderia classificar como “inercial".

Luxemburma.

Porém, dadas as condições em que vive a grande maioria da população brasileira, sob uma mídia imbecilizante, sob governos tíbios, incompetentes e corruptos, uma desindustrialização que só faz formar consumidores e trabalhadores de baixa renda (tudo isso denominado “novas classes médias”), somos candidatos a andar para trás no concerto das nações e ver instituições que datam do império (e que têm tudo para consolidar-se mais e mais) esfacelarem-se e darem lugar, não mais a uma Belíndia, como sintetizou Edmar Bacha há vinte anos, mas a uma Luxemburma, bem próxima da escuridão diurna antevista por Ridley Scott para a Los Angeles de 2019, em seu filme “Blade Runner”.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

ATÉ QUE ENFIM... SAÍRAM AS NOVAS DIRETRIZES CURRICULARES...

... PARA OS BACHARELADOS EM JORNALISMO E RELAÇÕES PÚBLICAS!

Matéria publicada hoje, no website da ABERJE, tendo como co-autores Lala Aranha, relações-públicas pela FAMECOS/PUC-RS, e Manoel Marcondes Neto, relações-públicas pelo IPCS/UERJ e editor deste OCI, analisa - numa abordagem inicial - a angústia que termina:

http://www.aberje.com.br/acervo_colunas_ver.asp?ID_COLUNA=944&ID_COLUNISTA=77

Em breve, aqui, no OCI, mais reflexões sobre as novas diretrizes - que foram publicadas pelo MEC no Diário Oficial da União em 12/09/2013, após três anos de espera.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Bom jornalismo: a solução para as revistas.

[Reproduzido da Meio&Mensagem - Bárbara Sacchitiello - 11 de Setembro de 2013].

Durante o Fórum da Aner, palestrantes ressaltam a importância do investimento em equipes de jornalistas e na qualificação do conteúdo para o fortalecimento do meio.

O jornalismo e a qualidade do conteúdo produzido pelos veículos foram apontados como elementos cruciais para que o mercado de revistas saia da maré negativa que atravessa há alguns meses.

Durante a VII edição do Fórum da Associação Nacional dos Editores de Revistas (Aner), realizado nessa terça-feira, 10, em São Paulo, alguns dos palestrantes ressaltaram que, em um momento de travessia da era do papel para a digital, é a qualidade e relevância do conteúdo produzido que determinarão quem irá sobreviver.


“Nunca vi um meio que gosta tanto de falar mal de si mesmo quanto o da mídia impressa”, provocou Nizan Guanaes, chairman do grupo ABC e um dos palestrantes convidados.

“Muitos dos problemas que afligem o mercado de revistas hoje foram criados por vocês (proprietários de editoras). Quem concorre com as revistas não são as plataformas digitais e os outros meios, mas sim as empresas de relações públicas que levam os seus jornalistas, que não conseguem ficar em suas publicações devido aos baixos salários que vocês pagam”, criticou Nizan.

“Retenham seus talentos, invistam neles e quero ver se essa crise irá continuar”, provocou o executivo.

Apesar das críticas ao setor, o chairman do ABC reconhece o grande potencial do meio revista e descartou qualquer hipótese relativa à “morte” das publicações impressas.

“O mercado já entrou em um momento de transição, o digital irá crescer muito, mas sempre haverá pessoas que querem ler revistas no papel. Não imagino, por exemplo, a Vogue existindo somente no tablet. Não podemos perder o bom senso e adotar essa visão pessimista”, pediu.

Ele também declarou a importância de preservar as boas relações com os anunciantes e, com isso, convencê-los do potencial do meio impresso.

Jornalismo caviar

A ideia da priorização do trabalho jornalístico e da qualidade do que é impresso nas páginas (ou publicado nos sites) também foi fortemente defendida por Juan Giner, presidente e fundador do Innovation Media Group.

Consultor experiente, com trabalhos realizados para grandes revistas e grupos de mídia de todo o mundo, ele trabalha com um prazo-limite para os veículos que quiserem sobreviver nesse período de transformação. “Se uma empresa jornalística não tiver 50% de suas receitas vindo das plataformas digitais até o ano de 2018, ela terá poucas chances de continuar operando”, decretou.

Além da difusão de uma consciência multiplataforma, ele também apontou a necessidade de revisão dos objetivos. “A grande estratégia dos veículos não deve ser roubar os leitores da concorrência, mas sim formar um novo grupo de leitores”, explicou.

E, para fazer com que pessoas que não tenham o hábito de ler – ou que não consumam determinado conteúdo – comecem a fazê-lo, ele usou um exemplo gastronômico: “Temos que produzir um jornalismo caviar: que seja nobre, raro e sofisticado. E, principalmente, que não seja encontrado em qualquer lugar. Não se compra caviar em qualquer feira. O mesmo vale para as noticias. Se eu posso encontrá-la em todos os sites, a qualquer momento, por que eu pagaria por ela?”, questiona.

“Sempre haverá público disposto a pagar por conteúdo de qualidade. Mas 80% dos veículos de todo o mundo ainda não atingiu esse nível de sofisticação, exclusividade e relevância em seu noticiário. Precisamos produzir caviar”, provocou Giner.

Assim como Nizan Guanaes, ele também reforçou a importância de investir em talentos, dando conselhos aos editores e publishers. “Reorganizem as redações de acordo com a sua audiência e com o conteúdo produzido. Rejuvenesçam o time de jornalistas, mantenham as pessoas talentosas, busquem profissionais com novas ideias, mas não encham as redações com mão-de-obra de baixo custo”, pediu.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

SUSTENTABILIDADE é "a" palavra!

Partilhando - e difundindo sempre - o lúcido posicionamento do pensador Fritjof Capra, o Observatório da Comunicação Institucional ressalta a necessidade urgente de compreensão de todo o significado que está por trás do termo (tão usado quanto mal empregado) "sustentabilidade".


Crescimento ilimitado num planeta finito é impossível.

"Web of Life" - conceito que Fritjof Capra, pensador contemporâneo, ecologista e autor do best seller "O Tao da Física" (1975), esteve no Brasil em 2012, quando concedeu esta entrevista ao programa "Milênio", da Globo News, e outra ao - infelizmente hoje extinto - caderno Razão Social (de O Globo), tratando, entre outros temas, de um programa de comunicação (e consequente inclusão social) para uma "alfabetização ecológica" (Ecoliteracy), em que está envolvido - e a necessidade de transparência para a preparação da sociedade para o questionamento e o enfrentamento das crises atuais.

Pensamento sistêmico, não-linearidade, complexidade e um crescimento qualitativo - baseado na própria Natureza - são pensamentos e preocupações que permeiam o discurso, que endossamos.

Indispensável!

Demandas urgentes para um mundo melhor: sustentabilidade, conduta ética e transparência.

Na área específica das Relações Públicas, o Conrerp1, seção regional do estado do Rio de Janeiro do Sistema Conferp - nosso Conselho Profissional - já havia introduzido, da maneira correta, em nossa opinião, o conceito de sustentabilidade como um argumento amplo que extrapola as fronteiras de quem o pronuncia para ganhar concretude só e somente só praticada em rede. Acesse blog.

O próprio partido que Marina Silva (parlamentar que chegou em terceiro lugar na corrida presidencial brasileira de 2010), quer lançar foi batizado, não por acaso, de Rede Sustentabilidade. E aqui não fazemos propaganda, pois somos independentes; o exemplo é que é emblemático demais para não ser mencionado. E é claro que as práticas políticas nacionais não permitem antever que um partido, por mais diferente que seja em sua concepção, consiga colocar práticas verdadeiramente sustentáveis em ação.

Não ao greenwashing!

Uma boa leitura sobre sustentabilidade é esta - acesse link - que recomendamos.

20, 19, 18, 17, 16, 15, 14...

HOJE, 6 DE SETEMBRO DE 2013, o Portal do Observatório da Comunicação Institucional receberá os retoques finais na sede da Conceito Comunicação Integrada, empresa com mais de 20 anos de mercado e, desde sempre, fundada e batizada sob o conceito "integrado de comunicação para as organizações", que pregamos e difundimos no OCI. 

De hoje a 26 de setembro próximo, Dia Interamericano de Relações Públicas e data do lançamento oficial do OCI - exatamente dentro do cronograma estabelecido em parceria com a Birmânia Participações, investidores-anjo que acreditaram na pertinência e na oportunidade da iniciativa -, estaremos promovendo ajustes no novo Portal. 

Depois do Observatório da Comunicação Institucional, você vai chegar - como diz o nosso "slogan" - MUITO ALÉM DO DISCURSO.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

"Fair Games, Mind Games".


A publicação deste COMUNICADO na edição do domingo, 01/09/2013, do jornal O Globo, retrata uma inflexão importante que se dá como conclusão de um processo aberto pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) junto à Infoglobo Comunicação e Participações S. A., companhia fechada que edita, além de O Globo, os jornais Extra e Expresso. Auto-explicativo.

Ressalte-se que o procedimento visa "proteger as condições concorrenciais do mercado". É de se indagar desde quando está aberto este processo, uma vez que os veículos em questão dominam, há muito, a praça fluminense, numa afronta às condições concorrenciais que o CADE tem o dever de proteger. Não em relação a outras empresas, mas zelando pela diversidade de acesso à informação pela população.

A legislação brasileira, inspirada nas leis de outros países, considera monopólio uma concentração da ordem de 70% de um mercado numa dada base regional. Este número "mágico" - de que contestamos a razoabilidade no caso do mercado de comunicação - já cerceou fusões como as da Brahma e Antarctica (com a alienação da marca Bavária), da Nestlé com a Garoto e da Sadia com a Perdigão.

Consideramos, porém, que em termos de comunicação de massa, o tal "número mágico" não deveria ater-se meramente ao faturamento - algo totalmente manipulável pelas empresas (como o presente COMUNICADO confirma e atesta), através de descontos, "pacotes", "combos", bonificações e operações casadas - essas últimas sempre lesivas à concorrência leal. Para nós, deveria ser usado o critério da audiência.

Ora, não é "alcance" o principal argumento de vendas da mídia? E não é este limite à sanha de controle da audiência o principal mérito da legislação de comunicações nos Estados Unidos (a proibição da propriedade cruzada e da posse de emissoras em nível nacional, além do local e regional), que fez surgir pelo menos 3 redes de TV aberta viáveis comercialmente e com padrões de qualidade e custeio similares entre si?

Um só grupo de comunicações no país detém 50% das verbas publicitárias. É como se anunciar - ou ser notícia - em veículos de outro grupo de mídia de nada valesse. E esta constatação aparece com impressionante regularidade nos levantamentos acadêmicos sobre os temas "mídia e relevância", "assessoria de imprensa e exposure" e "relações públicas e imagem institucional de marcas".

Enquanto um só "líder de audiência" impuser seu padrão artístico, cultural, jornalístico e comercial, não teremos cumpridas as normas expressas na Constituição Federal de 1988 quanto à Cultura e a Comunicação, em prejuízo de toda a população brasileira e da própria inserção do país na comunidade internacional.

Ou seja; continuaremos a ser o país do futebol, do "jeitinho", da exploração da mulher e da pobreza.

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Constituição da República Federativa do Brasil

Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção II - da Cultura:

"Artigo 215 - O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

Parágrafo 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

Parágrafo 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

Parágrafo 3º - A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005) 

Artigo 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Parágrafo 1º - O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

Parágrafo 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

Parágrafo 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.

Parágrafo 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos na forma da lei.

Parágrafo 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas de antigos quilombos".

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Constituição da República Federativa do Brasil

Capítulo V - da Comunicação Social:

"Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

• Código Brasileiro de Telecomunicações: Lei n. 4.117, de 27/08/1962 

• Lei de Imprensa: n. 5.250, de 09/02/1967 [NOTA DO EDITOR: lei derrubada pelo STF em 2009]

• Organização dos Serviços de Telecomunicações: Lei n. 9.472, de 16/07/1997

§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

§ 3º Compete à lei federal:

I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;

II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde a ao meio ambiente.

§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

• A Lei n. 9.294, de 15/07/1996, regulamentada pelo Decreto n. 2.018, de 01/10/1996, dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas, medicamentos terapias e defensivos agrícolas aqui referidos.

§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.

§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e da radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, aos quais caberá a responsabilidade por sua administração e orientação intelectual.

§ 1º É vedada a participação de pessoa jurídica no capital social de empresa jornalística ou de radiodifusão, exceto a de partido político e de sociedades cujo capital pertença exclusiva e nominalmente a brasileiros.

§ 2º A participação referida no parágrafo anterior só se efetuará através de capital sem direito a voto e não poderá exceder a trinta por cento do capital social.

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

• A Lei n. 9.612, de 19/02/1998, institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária, e o Decreto n. 2.615, de 03/06/1998, aprova seu regulamento.

§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, §§ 2º e 4º, a contar do recebimento da mensagem.

§ 2º A não-renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal.

§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional na forma dos parágrafos anteriores.

§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial.

§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e quinze para as de televisão.

Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.

• A Lei n. 8.389, de 30/12/1991, institui o Conselho aqui referido."

[NOTA DO EDITOR: O atual presidente deste Conselho é Dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro].

FONTE: Constituição da República Federativa do Brasil. Promulgada em 05/10/1988. São Paulo, Editora Saraiva. 1999.

sábado, 31 de agosto de 2013

Este NÃO é um conflito de gerações...


A publicação eletrônica RAGAN'S PR DAILY pontuou este debate. 

Estudá-lo é "a" lição de casa para quem quer conhecer a "nova" opinião pública. 

Rachel Parent (14 anos) começou seu movimento "Kids Want To Know" aos doze! Ela "só" quer que as embalagens de alimentos geneticamente modificados sejam identificadas, em benefício da informação do consumidor. 

Neste debate ela enfrenta a Monsanto "ao vivo", na TV.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

E continua a polêmica...

N'O Globo, de hoje (por Cesar Baima):

http://oglobo.globo.com/ciencia/empresa-aponta-possivel-fraude-em-periodicos-cientificos-brasileiros-9722072

Em Carta Capital desta semana (edição 763 - 28/08/2013), por Thomaz Wood Jr.:


Mais sobre este tema: http://www.nature.com/news/brazilian-citation-scheme-outed-1.13604

COMENTÁRIO DO OCI - Marcelo Ficher

Todos os acontecimentos recentes mostram, em minha opinião, que somente as políticas de "tolerância zero" serão capazes de reverter a tendência de piora da qualidade da atuação social dos indivíduos.

Premidos pelo imediatismo, pela necessidade de se destacar para sobreviver profissionalmente e pelas pressões por resultados em todas as áreas, as pessoas parecem cada vez mais dispostas a ignorar as consequências de seus atos. Começa pequenininho, como uma exceção ou medida de emergência. Mediante a ausência de consequências, os sistemas de vantagens matreiras avançam em quantidade e volume de recursos, até se tornar uma mina de ouro, como é o caso.

Na infância, tratava-se de uma ação entre amigos. Um pesquisador escreve um artigo e vários assinam. Cada um que escreve, todos assinam, multiplicando artificialmente a produção acadêmica de todos, gerando "benefícios" para todos, inclusive a instituição, premida pelo produtivismo das agências de fomento para a classificação dos cursos. Assim, se fez vista grossa para o que, na verdade, é uma fraude.

Agora, a fraude amadureceu e ganhou volume e contornos capitalistas, sem qualquer benefício aparente, exceto para os envolvidos - antes, apesar do inchaço de autores, os artigos eram de verdade.

Essas publicações deviam trazer um alerta, como os que estão na verso dos cigarros, de que não há níveis seguros de consumo desses "conhecimentos", se é que se pode usar o termo nesses casos. Desse modo, ao oferecer como alternativa o endurecimento radical das sanções aos desvios, é a aposta de que carrega em si a possibilidade (mas não a garantia) de minar no nascedouro esses truques "inocentes", antes que o dinheiro forte encontre o caminho. Porque, aí, não tem mais volta.

A ganância é uma doença sem cura.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Só 7,8% acham que meios de comunicação defendem interesses da população. 60% dos entrevistados desconhecem que as TV são uma concessão pública, mostra pesquisa.


Matéria de Ricardo Galhardo, reproduzida do Portal iG (16/08/2013 - 18:25h).

Pesquisa revela que 87% dos brasileiros acreditam que a mídia representa os interesses dos próprios donos, dos que têm mais dinheiro e dos políticos.

Apenas 7,8% dos brasileiros acreditam que os meios de comunicação defendem os interesses da maioria da população. A conclusão é de um levantamento feito pela Mark Sistemas de Pesquisas a pedido da Fundação Perseu Abramo, o braço acadêmico do PT.

Segundo a pesquisa, 34,9% dos entrevistados acham que a mídia defende seus próprios donos, 31,5% acreditam que os meios de comunicação estão do lado de quem tem mais dinheiro e outros 20,6% disseram que os grandes veículos defendem os políticos.

A Mark, sob coordenação dos professores Gustavo Venturi e Vilma Bokani, entrevistou 2.400 pessoas em 120 municípios de pequeno, médio e grande porte. A margem de erro é de dois pontos percentuais.

De acordo com a sondagem, apenas 21,9% dos entrevistados concordam que a mídia noticia os fatos de maneira totalmente imparcial, 27,9% pensam que os meios de comunicação só defendem os interesses da elite e 18,6% acham que os jornalistas têm liberdade total para decidir o que é publicado. Para 45% dos entrevistados a liberdade dos jornalistas é parcial.

Ainda de acordo com o levantamento, a internet hoje é tão acessível quanto os jornais impressos. As duas plataformas estão presentes na vida de 43% dos entrevistados. A TV aberta continua na liderança com 94% de presença e o rádio em segundo lugar com 79%. A TV por assinatura é citada por 37% dos entrevistados e as revistas por 24%

A pesquisa mostra que 29,8% das pessoas buscam os jornais para se informar sobre assuntos locais e 22,6% para ler notícias nacionais e internacionais. A situação se inverte quando a plataforma é a internet, usada por 25,9% para saber de temas nacionais e internacionais e por 22,5% para notícias locais.

O levantamento mostra ainda que a maioria absoluta da população, 60%, desconhece o fato de que as TVs são fruto de concessão pública e 49,5% acreditam que a programação é definida em parceria entre empresários e governo.

Ao serem informados que a maior parte dos meios de comunicação pertence a apenas 10 famílias, 39,8% consideram que isso é ruim para o país e 22,7% acham bom. De acordo com a pesquisa da FPA, 71% dos brasileiros defendem a criação de mais regras para regular a programação das TVs.

COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

O gigante acordou. Uma expressão, no Roda Viva de 05/08/2013, do medianinja Pablo Capilé, é boa e resume bem a questão fenomenológica do "olhar": "milhões de 'fichas caíram', no Brasil todo, e a mídia NINJA está 'no chão', de celular, mostrando essas fichas... a grande mídia está no helicóptero e não vai conseguir ver nenhuma ficha".

Mais sobre: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/o_lsquo_status_quo_rsquo_se_mobiliza.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Texto recomendado por Dennis Oliveira, professor da USP.

[Reproduzido da revista FORUM.com.br (em 20/08/2013)].

O analfabeto midiático

“Ele imagina que tudo pode ser compreendido sem o mínimo esforço intelectual”. Reflexões do jornalista Celso Vicenzi em torno de poema de Brecht, no século 21

Por Celso Vicenzi, no Outras Palavras 

O pior analfabeto é o analfabeto midiático.

Ele ouve e assimila sem questionar, fala e repete o que ouviu, não participa dos acontecimentos políticos, aliás, abomina a política, mas usa as redes sociais com ganas e ânsias de quem veio para justiçar o mundo. Prega ideias preconceituosas e discriminatórias, e interpreta os fatos com a ingenuidade de quem não sabe quem o manipula. Nas passeatas e na internet, pede liberdade de expressão, mas censura e ataca quem defende bandeiras políticas. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. E que elas – na era da informação instantânea de massa – são muito influenciadas pela manipulação midiática dos fatos. Não vê a pressão de jornalistas e colunistas na mídia impressa, em emissoras de rádio e tevê – que também estão presentes na internet – a anunciar catástrofes diárias na contramão do que apontam as estatísticas mais confiáveis. Avanços significativos são desprezados e pequenos deslizes são tratados como se fossem enormes escândalos. O objetivo é desestabilizar e impedir que políticas públicas de sucesso possam ameaçar os lucros da iniciativa privada. O mesmo tratamento não se aplica a determinados partidos políticos e a corruptos que ajudam a manter a enorme desigualdade social no país.

Questões iguais ou semelhantes são tratadas de forma distinta pela mídia. Aula prática: prestar atenção como a mídia conduz o noticiário sobre o escabroso caso que veio à tona com as informações da alemã Siemens. Não houve nenhuma indignação dos principais colunistas, nenhum editorial contundente. A principal emissora de TV do país calou-se por duas semanas após matéria de capa da revista IstoÉ denunciando o esquema de superfaturar trens e metrôs em 30%.

O analfabeto midiático é tão burro que se orgulha e estufa o peito para dizer que viu/ouviu a informação no Jornal Nacional e leu na Veja, por exemplo. Ele não entende como é produzida cada notícia: como se escolhem as pautas e as fontes, sabendo antecipadamente como cada uma delas vai se pronunciar. Não desconfia que, em muitas tevês, revistas e jornais, a notícia já sai quase pronta da redação, bastando ouvir as pessoas que vão confirmar o que o jornalista, o editor e, principalmente, o “dono da voz” (obrigado, Chico Buarque!) quer como a verdade dos fatos. Para isso as notícias se apoiam, às vezes, em fotos e imagens. Dizem que “uma foto vale mais que mil palavras”. Não é tão simples (Millôr, ironicamente, contra-argumentou: “então diga isto com uma imagem”). Fotos e imagens também são construções, a partir de um determinado olhar. Também as imagens podem ser manipuladas e editadas “ao gosto do freguês”. Há uma infinidade de exemplos. Usaram-se imagens para provar que o Iraque possuía depósitos de armas químicas que nunca foram encontrados. A irresponsabilidade e a falta de independência da mídia norte-americana ajudaram a convencer a opinião pública, e mais uma guerra com milhares de inocentes mortos foi deflagrada.

O analfabeto midiático não percebe que o enfoque pode ser uma escolha construída para chegar a conclusões que seriam diferentes se outras fontes fossem contatadas ou os jornalistas narrassem os fatos de outro ponto de vista. O analfabeto midiático imagina que tudo pode ser compreendido sem o mínimo de esforço intelectual. Não se apoia na filosofia, na sociologia, na história, na antropologia, nas ciências política e econômica – para não estender demais os campos do conhecimento – para compreender minimamente a complexidade dos fatos. Sua mente não absorve tanta informação e ele prefere acreditar em “especialistas” e veículos de comunicação comprometidos com interesses de poderosos grupos políticos e econômicos. Lê pouquíssimo, geralmente “best-sellers” e livros de autoajuda. Tem certeza de que o que lê, ouve e vê é o suficiente, e corresponde à realidade. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos que é o político vigarista, pilantra, o corrupto e o espoliador das empresas nacionais e multinacionais.”

O analfabeto midiático gosta de criticar os políticos corruptos e não entende que eles são uma extensão do capital, tão necessários para aumentar fortunas e concentrar a renda. Por isso recebem todo o apoio financeiro para serem eleitos. E, depois, contribuem para drenar o dinheiro do Estado para uma parcela da iniciativa privada e para os bolsos de uma elite que se especializou em roubar o dinheiro público. Assim, por vias tortas, só sabe enxergar o político corrupto sem nunca identificar o empresário corruptor, o detentor do grande capital, que aprisiona os governos, com a enorme contribuição da mídia, para adotar políticas que privilegiam os mais ricos e mantenham à margem as populações mais pobres. Em resumo: destroem a democracia.

Para o analfabeto midiático, Brecht teria, ainda, uma última observação a fazer: Nada é impossível de mudar. Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual.

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O analfabeto político

O pior analfabeto, é o analfabeto político.
Ele não ouve, não fala, não participa dos acontecimentos políticos.
Ele não sabe que o custo de vida,
O preço do feijão, do peixe, da farinha
Do aluguel, do sapato e do remédio
Depende das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que
Se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil,
Que da sua ignorância nasce a prostituta,
O menor abandonado,
O assaltante e o pior de todos os bandidos
Que é o político vigarista,
Pilantra, o corrupto e o espoliador
Das empresas nacionais e multinacionais.

Bertold Brecht

Egito faz "ofensiva de relações públicas" de olho no ocidente.


O blog "Ser RP" reproduziu, hoje, texto da BBC News com o provocativo título acima. E fez uma pergunta direta (*). Nós, do OCI, envidamos esforços para um entendimento cristalino do que sejam legítimas relações públicas.

Ambientes pouco iluminados, pouco ou nada transparentes, mercados onde a livre iniciativa tropeça e em cenários em que a liberdade de expressão não atua NÃO são, por princípio e definitivamente, propícios à prática da atividade.

(*) As melhores estratégias de relações públicas estão nas emissoras, que fortalecem o discurso de repressão militar, ou no governo, que expõe as ações dos mass media? A quem atribuir o lobby midiático?

Dito isto, à matéria:

[Que também reproduzimos, a seguir]

TV egípcia agora mostra logo em inglês, dizendo "Egito combatendo terrorismo".

Por Bethany Bell da BBC News, no Cairo.

As principais TVs estatais egípcias, que transmitem em árabe, passaram a exibir nos últimos dias um novo logotipo no canto da tela, com as cores da bandeira do país.

Pela primeira vez na história, tratava-se de uma mensagem em inglês, que dizia "Egito combatendo terrorismo".

Outra emissora, a ON TV - que é privada -, começou a fazer tradução simultânea para o inglês de seus noticiários e talk shows.

Sua cobertura, predominantemente favorável aos militares que governam o país, visa claramente alcançar uma audiência internacional.

O governo interino egípcio e o Exército parecem ter lançado uma ampla ofensiva de relações públicas, de olho no Ocidente.

O assunto é claramente sensível no país, ante as duras críticas vindas dos EUA e da União Europeia por conta da repressão aos protestos que se seguiram à deposição do presidente islamita Mohammed Morsi.

Recado à imprensa

Neste domingo, o chefe das Forças Armadas, general Abdul Fattah al-Sisi, fez seu primeiro pronunciamento público desde a morte de centenas de pessoas após as forças de segurança terem desmontado dois acampamentos de simpatizantes de Morsi e da Irmandade Muçulmana.

Em seu longo discurso - em que declarou que há no Egito "espaço para todos" e que vai "reconstruir o caminho da democracia", mas que a violência não será tolerada -, havia também um recado para jornalistas estrangeiros.

"Não assistiremos ao país ser destruído e incendiado, às pessoas sendo aterrorizadas e ao envio de uma mensagem equivocada à mídia ocidental de que há confrontos nas ruas", disse o general.

O país vive uma espiral de violência desde a deposição - após amplos protestos populares - do presidente Mohammed Morsi, por um golpe militar, em julho.

Enfrentamentos nas ruas deixaram ao menos 830 mortos (70 deles policiais ou soldados) entre quarta-feira - quando começou a repressão aos acampamentos de manifestantes - e sábado.

Neste domingo, acredita-se que ao menos 36 simpatizantes da Irmandade Muçulmana que estavam detidos tenham sido mortos após uma tentativa de fuga.

Amargura

Ainda dentro da ofensiva de relações públicas, as autoridades egípcias também começaram a fazer entrevistas coletivas em árabe e em inglês.

Em uma delas, no sábado, o assessor presidencial Mostafa Hegazy acusou a imprensa do Ocidente de ignorar atos de violência atribuídos aos ativistas islamitas, como ataques contra a polícia e a destruição de igrejas cristãs.

"Nós, como egípcios, sentimos profunda amargura ante a cobertura dos eventos no país", disse ele.

A fundação jornalística privada Al-Yawm al-Sabi anunciou planos de lançar um site em inglês, por conta do que chama de "campanhas midiáticas ocidentais tendenciosas que tentam desestabilizar o Egito, afetar sua segurança, disseminar boatos e espalhar a desunião entre seu povo".

O site, diz, oferecerá "intensa cobertura dos atuais eventos com veracidade, (usando) vídeos e fotos".

Al Jazeera

Não é só a imprensa ocidental que está sob críticas no Egito. O ministro de Informação do país, Dorreya Sharaf al-Din, ameaçou revisar o status legal da emissora al-Jazeera, do Catar, a qual acusa de ameaçar a segurança e a estabilidade egípcias.

Ao contrário das emissoras estatais do Egito, a al-Jazeera deu bastante exposição a simpatizantes da Irmandade Muçulmana. Além disso, costuma transmitir os protestos pró-Morsi no país e divulgou, ao vivo, imagens de celular gravadas dentro da mesquita al-Fath, onde manifestantes foram cercados por forças de segurança no sábado.

Jornalistas da emissora dizem ter sido assediados pelas autoridades.

O jornalista e comentarista egípcio Ahmad Samir opina que as autoridades "estão em uma situação crítica e embaraçosa, após a morte de tantas pessoas".

Para Angy Ghannam, do serviço de monitoramento noticioso da BBC - que acompanha diariamente a imprensa mundial -, houve uma mudança de foco no trabalho da mídia egípcia, pública e privada, que antes se concentrava em explicar as posições do governo militar interino à população egípcia.

"A mídia do país passou a usar muito do seu tempo para criticar a cobertura estrangeira. Mas, nos últimos dias, é notável que alguns veículos começaram a fazer uma autocrítica por não terem conseguido passar sua mensagem às audiências internacionais", diz Ghannan. E, com isso, começou uma campanha noticiosa voltada ao Ocidente.

Ahmad Samir acredita que essa tentativa de conquistar a opinião pública do Ocidente é equivocada e cita a recente renúncia do vice-presidente interino Mohamed ElBaradei (vencedor do prêmio Nobel e com amplo trânsito no Ocidente).

"ElBaradei, com sua grande experiência internacional, percebeu que o que aconteceu (no Egito) não poderia ser justificado perante o mundo. Era contra seus princípios, e ele renunciou."
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COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

Batalha por corações e mentes.

Uma situação de guerra civil, como a que se desenrola hoje, no Egito, é ambiente complexo e a "leitura" da mesma - via mídia (sobretudo a mídia "oficial") - sempre poderá suscitar múltiplas (até contraditórias) interpretações.

A imprensa deveria ater-se à verdade factual, mas este é sempre um ideal que, ainda mais num conflito de grandes proporções, eu diria, agora, impossível de atingir.

Não qualifico as ações mencionadas no artigo como "de relações públicas", mas sim de propaganda - no melhor entendimento que se possa ter deste termo. A propaganda, inclusive, é front de que sempre lançam mão aqueles que estão em luta.

O instrumental da propaganda é o mesmo das relações públicas - e o mesmo do jornalismo, também: a comunicação por textos e imagens, mas a intenção da primeira é muito mais dirigida que as demais. E a "assinatura", clara, é o mais importante elemento da mensagem. No jornalismo, idealmente, quer-se dar espaço ao leitor, ouvinte, espectador ou internauta para formar a sua convicção.

Já as relações públicas, por sua sutileza, não estão presente no caso em questão. Nem por parte das emissoras, que não precisam de RP neste momento, nem por parte do governo. Isto porque, sutileza (em meio a um conflito como o atual, no Egito), não faz parte do vocabulário de quem detém - legalmente - o monopólio do uso da força bruta, até letal, contra seus próprios cidadãos, mesmo aqueles taxados de "terroristas".

Vou um pouco além e divago se não seria uma ação de propaganda totalmente orientada pelo Pentágono, semelhante a outras levadas a efeito junto à população iraquiana no sentido de colocá-la contra Saddam Hussein, à época da invasão pós-11 de setembro. Naquela ocasião - como nesta - é preciso "ganhar" corações e mentes dentro e fora do país.

Na guerra pela opinião, a propaganda quase sempre esmaga as relações públicas.

E já que tocamos em guerra, leia também este texto.

sábado, 17 de agosto de 2013

Nizan Guanaes compra CDN e estreia em relações públicas.


Aquisição é a primeira do Grupo ABC, controlado por Guanaes, no setor de relações públicas.

Nota de Márcio Juliboni, reproduzida de EXAME.com

São Paulo - O Grupo ABC, do publicitário Nizan Guanaes, estreou na área de relações públicas com a aquisição da agência CDN. O valor do negócio não foi revelado. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, a CDN faturou, no ano passado, 88 milhões de reais, ou pouco mais de 10% dos 800 milhões de reais que o Grupo ABC registrou em 2012.

Atualmente, a CDN conta com mais de 100 clientes e 400 funcionários e é a segunda maior agência de relações públicas, atrás da FSB, que faturou 145 milhões no ano passado. Segundo o Estadão, Nizan e a CDN chegaram a conversar sobre a aquisição há dois anos. O negócio foi retomado apenas no início deste ano.

Entre as contas atendidas pela CDN, estão o governo do Estado de São Paulo, os ministérios da Saúde e da Justiça, e o governo de Minas Gerais. De acordo com o Estadão, o contrato com este último seria de 2,2 milhões de reais por ano.

Segundo o jornal, o objetivo do Grupo ABC ao comprar a CDN foi diversificar seus negócios. Com origem no mercado publicitário, o grupo conta com 15 empresas. Em abril, o ABC recebeu um aporte de 170 milhões de reais do fundo Kinea, do Itaú, em troca de 20% de participação nos negócios.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

De jaboticabas a "ninjas". Notas sobre o que é e o que não é Jornalismo.

COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto.

O QUE NÃO É JORNALISMO

Assessores de imprensa, essas brasileiríssimas jaboticabas.

Em diversos comentários anteriores, aqui e em outros ciberespaços, dediquei-me a demonstrar que assessoria de imprensa - essa invenção brasileira - tem mais efeitos deletérios que serviços prestados à cidadania e à própria noção do seja informação. Acesse aqui uma delas.

A difícil e nobre tarefa de formar relações-públicas na graduação (a que dediquei-me por 24 anos) e jornalistas, na pós-graduação (a que dedico-me há mais de uma década), fica ainda mais complexa porque a mídia - justamente o locus, a arena do exercício dessas profissões, não abre espaço para o tema... mídia. Isto porque vivemos no Brasil, desde 1962, um genuíno "coronelismo midiático" (mais adiante descubra o porquê) .

Agora, hoje mais precisamente, uma nota perdida na coluna "Panorama Político", de Ilimar Franco, n'O Globo (página 2), vem em meu socorro, narrando episódio exemplar da inversão de valores em que se transformou o toma-lá-dá-cá entre "quem é notícia" e "quem difunde notícia".

À íntegra da nota [os colchetes, meus, fazem-se necessários]:

No ar o plantão da madrugada

O Senado se rebelou ontem contra os assessores [de imprensa] que dirigem a TV Senado. Estes decidiram reprisar as sessões da Casa depois da meia-noite [ou seja, no dia seguinte], exibindo no horário nobre programas estrelados por seus jornalistas. Roberto Requião perguntou: "De quem é a TV? É dos jornalistas que nela trabalham?". Pedro Taques sentenciou: "Não cabe a eles decidir o que será transmitido". Randolfe Rodrigues definiu: "Impensada decisão". Álvaro Dias protestou: "Não é de madrugada que a população poderá nos fiscalizar". Paulo Paim resumiu: "Jogar para depois da meia-noite? Aí, não dá!". Eles querem que a Mesa coloque ordem na TV institucional do Senado e dos senadores.


É claríssimo! Um fato grave que só um bom jornalista sintetiza numa nota e tem a coragem de assinar. Eu mesmo, nesta madrugada, só em torno de 3 horas da manhã, é que pude ver com meus próprios olhos, na TV Senado, a aprovação da medida que estendeu (ontem) os efeitos da Lei da Ficha Limpa aos assessores dos gabinetes senatoriais.

O QUE É, SIM, JORNALISMO

E não é que na mesma edição de hoje, d'O Globo, na página 19, Zuenir Ventura - decano da profissão, talvez num surto de  "febre JB" - desautorizou todos os seus colegas de redação postos, há já uma semana (veja aqui), a desqualificar a entidade "mídia NINJA"?

Escreveu o mestre Zuenir: os Ninjas (sic) não inventaram o jornalismo e também não vão acabar com ele. A seu favor, porém, o fato de que, apesar dos possíveis equívocos e da inocente presunção, eles tiveram o mérito de fazer com a imprensa o que as manifestações fizeram com a política: refletir sobre si mesma. Um pouco como esses novos atores da cena nacional fizeram ontem [na Casa do Saber, que agora é de propriedade d'O Globo] com este velho jornalista - ou "pós-jornalista".

Zuenir Ventura matou a charada: pós-jornalismo. Algo que veio para ficar, sobretudo pós-tecnologias telemáticas acessíveis a todos. Nada mais será como antes. E não fora o próprio jornal O Globo que criara o "Eu-repórter", estimulando qualquer pessoa a fazer sua reportagem sobre os fatos que testemunha?

Pobres coleguinhas. Agora ganharam mais esta concorrência - a de qualquer um. E pobres leitores, pois lerão, assistirão e navegarão matérias sem apuração, sem contraparte, sem ética profissional.

O jornalismo já perdera a prerrogativa de exigir diplomas universitários de seus candidatos a praticantes, não tem um código de ética com força de lei porque os patrões empenharam-se no lobbying contra a criação de Conselhos Profissionais (Federal e Regionais) para os jornalistas e, agora, repórteres e redatores experientes perdem lugar - porque "caros" - para neófitos pinçados na parentela dos donos dos veículos, de norte a sul do Brasil - como aliás, já pontuara Aydano André Motta... Lamentável.

Por isso tudo é que o Observatório da Comunicação Institucional apoia as seguintes causas dos jornalistas brasileiros:

- Pela restauração da exigência de diploma de nível superior para o exercício da profissão de jornalista;

- Pela criação do Conselho Profissional da classe;

- Pelo estabelecimento do novo marco regulatório da comunicação no Brasil, já podre de velho pois que datado de 1962.

Leia mais sobre.

sábado, 10 de agosto de 2013

O anúncio (O Globo, 09/08/2013).


O melhor "gerenciamento" de uma crise de imagem pública é evitá-la.

Como fica a efetividade deste anúncio de ontem (vide imagem acima) - sua mensagem, seu objetivo, as pessoas que nele aparecem e as parcerias envolvidas, diante da crise de imagem pública por que passa a Siemens neste exato momento?

Evidentemente que o evento já estaria planejado há meses, pois assim reza a cartilha das negociações de patrocínio. Ou seja, quando à Siemens, ou à sua agência de propaganda, foi oferecida a chancela do evento, nada do que veio à tona (por uma ação direta, aliás, da própria empresa, que denunciou a prática de cartel em obras do Metrô e da CPTM contratadas pelo Governo de São Paulo nos últimos dez anos) era de domínio público.

As investigações do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), órgão do Ministério da Justiça desenrolam-se - sigilosas - há tempos, como se pode ver no infográfico a seguir, reproduzido a partir d'O Globo, em sua mesma edição de 09/08/2013:


Como lidar com essas crises de imagem pública?

É inegável ser este um rentável mercado de trabalho - há anos sustentado por uma miríade de escritórios e assessores "especializados" em "gerenciamento de crises", como se uma crise fosse algo que se pudesse, "em vivo", colocar sob as lentes de um microscópio e dissecar numa bancada de anatomia... Ora, isto só numa necropsia.

Jornalistas, na esmagadora maioria das vezes, "especializaram-se" em - junto a seus antigos pares postados ainda nas redações - "controlar" o noticiário às custas de muito blá-blá-blá, sempre, DEPOIS da casa arrombada, da árvore centenária cortada, do crime perpetrado - ou seja, sempre depois do mal feito. Não seria melhor evitar crises aperfeiçoando permanentemente as práticas de governança?

Acidentes são inevitáveis, em todas as áreas e envolvendo todo tipo de organização. Investigações conduzidas após acidentes fatais em missões da NASA - uma das corporações, em tese, mais equipadas para a prevenção de acidentes -, revelaram descuidos, lamentavelmente, muito fáceis de ser evitados. E o acidente no Aeroporto de Congonhas com o Fokker 100 da TAM, em 1996, deveu-se à não troca - preventiva - de um fusível de menos de um dólar.

Perguntas:

1) A Siemens recorreu ao recurso da "leniência" (similar à delação premiada)...

(a) para denunciar esquema de que participou por acuidade de ver que, hoje, nada se pode mais ocultar,

ou

(b) para agir preventivamente em relação à crise (antecipando-a) que certamente adviria com o noticiário da conclusão das investigações?

2) Como ficam as outras marcas (Alstom, Bombardier, CAF) expostas? Como deveriam posicionar-se? 

A notícia. (O Globo, 09/08/2013).


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Comunicação é Cultura. Cultura é Comunicação.

A entrevista concedida por dois representantes da mídia NINJA* ao programa Roda Viva, da TV Cultura, em 5 de agosto último, ainda está sendo digerida pela intelligentsia e pela mídia tradicional, mas um aspecto levantado pela dupla NINJA vale a pena ser ressaltado; o da imbricação que há - embora o Brasil oficial separe - entre Comunicação e Cultura.

O Observatório da Comunicação Institucional endossa o conteúdo do Cordel da Regulamentação da Comunicação, uma manifestação cultural sobre o nosso tema maior, a comunicação, produzido pelo Centro de Cultura Luiz Freire - Democracia e Direitos Humanos, com o apoio da Fundação Ford, e parte da campanha Para expressar a liberdade, do FNDC (Fórum Nacional pela Democratização dos Meios de Comunicação):


Ambas as matérias - COMUNICAÇÃO e CULTURA - estão presentes na Constituição Federal de 1988 em artigos específicos e, 25 anos depois, ainda são letra quase morta. Verifique:

Capítulo III - Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção II - da Cultura

"Artigo 215 - O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais.

Parágrafo 1º - O Estado protegerá as manifestações das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de outros grupos participantes do processo civilizatório nacional.

Parágrafo 2º - A lei disporá sobre a fixação de datas comemorativas de alta significação para os diferentes segmentos étnicos nacionais.

Parágrafo 3º - A lei estabelecerá o Plano Nacional de Cultura, de duração plurianual, visando ao desenvolvimento cultural do País e à integração das ações do poder público que conduzem à: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 48, de 2005)

Artigo 216 - Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I - as formas de expressão;
II - os modos de criar, fazer e viver;
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Parágrafo 1º - O poder público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação.

Parágrafo 2º - Cabem à administração pública, na forma da lei, a gestão da documentação governamental e as providências para franquear sua consulta a quantos dela necessitem.

Parágrafo 3º - A lei estabelecerá incentivos para a produção e o conhecimento de bens e valores culturais.

Parágrafo 4º - Os danos e ameaças ao patrimônio cultural serão punidos na forma da lei.

Parágrafo 5º - Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores de reminiscências históricas de antigos quilombos".

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Capítulo V - da Comunicação Social

"Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

    • Código Brasileiro de Telecomunicações: Lei n. 4.117, de 27/08/1962
    • Lei de Imprensa: n. 5.250, de 09/02/1967
    • Organização dos Serviços de Telecomunicações: Lei n. 9.472, de 16/07/1997

§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

§ 3º Compete à lei federal:

I - regular as diversões e espetáculos públicos, cabendo ao Poder Público informar sobre a natureza deles, as faixas etárias a que não se recomendem, locais e horários em que sua apresentação se mostre inadequada;
II - estabelecer os meios legais que garantam à pessoa e à família a possibilidade de se defenderem de programas ou programações de rádio e televisão que contrariem o disposto no art. 221, bem como da propaganda de produtos, práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde a ao meio ambiente.

§ 4º A propaganda comercial de tabaco, bebidas alcoólicas, agrotóxicos, medicamentos e terapias estará sujeita a restrições legais, nos termos do inciso II do parágrafo anterior, e conterá, sempre que necessário, advertência sobre os malefícios decorrentes de seu uso.

    • A Lei n. 9.294, de 15/07/1996, regulamentada pelo Decreto n. 2.018, de 01/10/1996, dispõe sobre as restrições ao uso e à propaganda de produtos fumígenos, bebidas alcoólicas, medicamentos terapias e defensivos agrícolas aqui referidos.

§ 5º Os meios de comunicação social não podem, direta ou indiretamente, ser objeto de monopólio ou oligopólio.

§ 6º A publicação de veículo impresso de comunicação independe de licença de autoridade.

Art. 221. A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:

I - preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;
II - promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;
III - regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;
IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.

Art. 222. A propriedade de empresa jornalística e da radiodifusão sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos, aos quais caberá a responsabilidade por sua administração e orientação intelectual.

§ 1º É vedada a participação de pessoa jurídica no capital social de empresa jornalística ou de radiodifusão, exceto a de partido político e de sociedades cujo capital pertença exclusiva e nominalmente a brasileiros.

§ 2º A participação referida no parágrafo anterior só se efetuará através de capital sem direito a voto e não poderá exceder a trinta por cento do capital social.

Art. 223. Compete ao Poder Executivo outorgar e renovar concessão, permissão e autorização para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e imagens, observado o princípio da complementaridade dos sistemas privado, público e estatal.

    • A Lei n. 9.612, de 19/02/1998, institui o Serviço de Radiodifusão Comunitária, e o Decreto n. 2.615, de 03/06/1998, aprova seu regulamento.

§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo do art. 64, §§ 2º e 4º, a contar do recebimento da mensagem.

§ 2º A não-renovação da concessão ou permissão dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quintos do Congresso Nacional, em votação nominal.

§ 3º O ato de outorga ou renovação somente produzirá efeitos legais após deliberação do Congresso Nacional na forma dos parágrafos anteriores.

§ 4º O cancelamento da concessão ou permissão, antes de vencido o prazo, depende de decisão judicial.

§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez anos para as emissoras de rádio e quinze para as de televisão.

Art. 224. Para os efeitos do disposto neste capítulo, o Congresso Nacional instituirá, como órgão auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na forma da lei.

    • A Lei n. 8.389, de 30/12/1991, instituiu o Conselho aqui referido."

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* NINJA: Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação. Saiba mais.

Uma análise da mídia NINJA.

COMENTÁRIO DO OCI - Marcelo Ficher

Os grandes conglomerados de comunicação mantêm sob intensa disputa a opinião sobre a regulamentação dos meios, massificando a ideia de que há algo por trás da lei que resultará em controle de conteúdo ou restrição da liberdade de imprensa ou de expressão. Associam liberdade a ausência de regras. Esquecem de dizer que a ausência de regras é a lei do mais forte e foi isso que a democracia veio resolver, através da representação e da garantia da livre competição, mediadas por instituições e mecanismos de proteção e regulação. Um ambiente com regras claras é melhor para todo mundo. Esta é a liberdade a ser conquistada. Democratizar, aqui, é "tirar da selvageria".

sábado, 3 de agosto de 2013

Continua a repercutir na "web" a crítica ao compadrio nas I. E. S.

As Instituições de Ensino Superior sofrem com a questão de pessoal docente. Por que? A seguir os princípios do fim:

1) Concursos públicos docentes são falhos no quesito... publicidade.

2) Os professores aprovados em tais concursos falhos são estáveis em seus empregos.

3) Por serem estáveis em seus empregos, os docentes tendem a obedecer à lei do menor esforço.

4) O menor esforço só pode ser empreendido em um ambiente amigável e cúmplice. Os menos bons e mais dispostos se dispõem a frequentar - e comandar o ambiente - na insalubre capital federal.

5) O meio acadêmico, movido pelo binômio picuinha VERSUS compadrio, opta sempre pelo caminho mais natural: aprova-se os amigos e reprova-se os inimigos.

6) Amigos - pares - não querem ser chefes ou ser chefiados, então acontece um rodízio medíocre: uns escrevem, outros publicam. Ninguém lê. Nem os próprios. Só seus torturados orientandos.

7) Quando alguém se aposentar ou morrer, no departamento, volte ao princípio 1.

Para mais, acesse este link.

As matérias que deram origem ao tópico de discussão na web.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

CEDAE: péssimo exemplo de comunicação que advém de péssimo modelo de gestão.


Quando um cidadão fluminense articula o jargão de que "os serviços públicos são de péssima qualidade", pode-se apostar que em mais de 60% das vezes, a CEDAE (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) estará causando a resposta. Isto porque a notícia mais recente (publicada ontem n'O Globo), registra que menos de 40% da clientela da empresa recebe os serviços - pagos - de coleta de esgotos (nem se fale em tratamento...). Em companhia de outras concessionárias ou não.

A memória do cidadão refém dos monopólios de serviços públicos prestados por empresas estatais ainda está presente no Rio de Janeiro. O cidadão fluminense não consegue esquecer-se da Telerj (até porque a Oi-Telemar não o deixa esquecer, com seus orelhões quebrados e péssimos serviços de telefonia e de internet), da Light - que continua aí, sob outro controle acionário que não o do Estado, mas com o mesmo nome (e mesmo monopólio, no caso da cidade do Rio de Janeiro), e da Companhia Estadual de Gás (a CEG), apesar dos milhões gastos pelos novos donos em rebranding.

O caso da CEDAE - último grande bastião estatal (e já sob a mira de conglomerados mundiais à espera da inevitável privatização - com a "torcida" da população) é emblemático. Não pela qualidade de seus serviços, que é mesmo péssima, mas pela - mui tosca - tentativa de enganar o público, desde alguns anos, sob o falso rótulo de "Nova" CEDAE.

NOVA CEDAE? Como assim?

O que foi renovado? A rede de adutoras de água limpa? A rede coletora de água servida? A rede de tratamento de esgotos? Os sistemas de gestão? A política de recursos humanos? A transparência? A governança?

Infelizmente nada disso. E como o controle acionário da companhia continua rigorosamente igual ao dos tempos da "fusão" do antigo estado da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro (de 1975), podemos concluir que a alcunha "Nova CEDAE" é caso (e caso caro) de maquiagem, de propaganda enganosa. Indagamos: para iludir a quem? Aos possíveis compradores? À opinião pública, que poderia pensar que a empresa está, com o perdão do trocadilho, saneada?

Não seria este o mesmo caso do Metrô, em que a empresa concessionária fica com a parte que dá lucro, deixando ao estado a parte podre (lembremo-nos do Banerj podre que, aliás, ainda tem seu prédio-sede apodrecendo mais, literalmente, no centro da cidade), às custas da cidadania sob o obscuro nome de RioTrilhos?

Essa história é antiga e precisa ser investigada pelo Ministério Público.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Concentração no mercado da comunicação avança... até onde?

A francesa Publicis e a americana Omnicom anunciaram anteontem um plano de fusão para criar o maior grupo de publicidade (leia-se propaganda) do mundo, no valor de US$ 35 bilhões. A operação deve remodelar o setor, afetando bilhões de dólares gastos mundialmente por grandes marcas globais em campanhas nas mídias tradicionais e na internet. Essa união também pode pressionar os rivais das duas gigantes, como a até então líder global em publicidade (leia-se propaganda), a britânica WPP, a avançarem em acordos que acompanhem as mudanças neste mercado.

Você, gerente de produto na Pepsico, entregaria sua conta de propaganda à agência da Coca-Cola?

Publicis e Omnicom, segundo e terceiro maiores grupos publicitários (leia-se "de propaganda") do mundo, respectivamente, apresentaram o acordo - assinado em Paris - como uma "fusão de iguais", em que seus acionistas terão, cada um, cerca de 50% do capital da nova companhia.

Estão querendo "cartelizar" você, anunciante. Opine.

Segundo a Publicis, a transação deve criar "um valor significativo para os acionistas", com sinergias (leia-se "pessoas desempregadas") estimadas em UE$ 500 milhões. O grupo resultante da fusão - uma holding holandesa - manterá sedes em Paris e Nova York e será cotada inicialmente nas bolsas de valores de Nova York e de Paris. (Este "inicialmente"... é um perigo!).

Saiba mais no Offbudsman.

domingo, 28 de julho de 2013

A corrupção nos concursos públicos acadêmicos.

Matéria publicada na edição de 27/07/2013 do jornal O Globo.
Autoria: Angelo Segrillo (professor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo).

LINK: http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2013/07/27/a-corrupcao-nos-concursos-publicos-academicos-504814.asp

COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

Uma das causas mais graves da corrosão de nosso sistema universitário público é a corrupção - o segredo de polichinelo apontado pelo colega Angelo Segrillo - dos concursos públicos docentes.

Endogenia, compadrio, picuinha, ação entre amigos, máfia - escolha o termo que mais lhe apraz e, certamente, servirá como uma luva para tratar do concurso de amanhã, na Federal, e do de ontem, na Estadual.

E este estado de coisas diminui o mérito também de quem não foi "vítima" das mazelas. Você entrou para uma universidade pública? - Aí tem...

E quando você, porventura, organiza um concurso e traz a maioria dos examinadores de fora do circuito dos "amigos", ganha a alcunha de "Caxias"... - Cuidado com este cara!

E quem - qualquer um - passou, será logo assediado por alguém "de dentro", e ouvir coisas do tipo: - você merecia passar, mas eu tive que despachar aquele "maluco" que te antecedeu na prova de aula... ou - se não fosse eu tirar do caminho a protegida do chefe do departamento... ou, ainda... - gostei de você; não nos conhecíamos antes, mas 'dei uma força' na hora do desempate, e agora você é um dos "meus".

Endosso integralmente as sugestões dadas pelo colega da USP. Os concursos públicos têm que ser completamente independentes da instituição contratante, sob pena de, com tratantes, as IES - instituições de ensino superior - simplesmente ruírem, até desaparecer.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Um intelectual brasileiro a serviço da humanidade: Milton Santos.

DICA DE LEITURA: "Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal" (Rio de Janeiro: Record, 2000).

COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

Se o prêmio Nobel fosse entregue postumamente, Milton Santos (1926-2001) poderia ser "o" candidato brasileiro. Lucidez, serenidade e firmeza de quem conhece a vida e o mundo estão presentes nesta entrevista concedida em 18/04/2000 ao jornalista Boris Casoy, então na Rede Record.

Globalitarismo é um dos termos que surgem de forma sutil na fala culta - e ao mesmo tempo muitíssimo clara - do professor emérito da USP, tratando de seu livro - que sempre adoto, até hoje - "Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal".

O geógrafo, também formado em Direito, se autodesigna como um "intelectual público" e faz a distinção - rara - entre competição e competitividade, avocando para a primeira, inclusive, a possibilidade de compaixão - termo inexistente fora do circuito religioso das falas...

Milton Santos faz também a distinção entre os conceitos de cidadão e de consumidor, jogando sua luz sobre a dicotomia proposta por Néstor García Canclini em seu livro de 1995, "Consumidores e Cidadãos". O capitalismo, que o professor declara esgotado, é fruto de um pensamento único, aliás mais "único" que "pensamento", uma vez que Santos evoca a brasileiríssima mula-sem-cabeça para referir-se ao sistema preponderante no mundo após o fim da União Soviética.

Um socialismo construído "por mim e por você" é o que propõe o professor, invocando um "salto ao futuro",  ideia - para ele - "não passível de ser ensinada" ao (e no) "mundo a que nos referimos"; ou seja, a Europa (focada no passado), e os Estados Unidos (demasiadamente focados no presente).

"O Brasil não precisa ser potência", afirma, mas pode ser um grande país: "grande país é o que cuida do seu povo".
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sexta-feira, 19 de julho de 2013

FETRANSPOR, RIO-ÔNIBUS, RIO-CARD: casos de polícia.


A carta pública de um usuário à agência de propaganda da FETRANSPOR, veiculada numa Rede Social, e sua repercussão:

Meu nome é FDM, tenho 53 anos e sou um cidadão do Rio de Janeiro. Fiquei sabendo por vários meios de comunicação que esta agência foi contratada com a missão de melhorar a imagem da Fetranspor. 

Atualmente, esta federação já veicula anúncios (por exemplo, na Rádio CBN) com o slogan "mobilidade com qualidade".

Uso os ônibus do Rio diariamente e me revolto sempre que ouço o tal slogan. Simplesmente porque ele é mentiroso. O serviço dos ônibus do Rio é péssimo, com motoristas mal treinados, que dirigem como loucos e não têm postura profissional. Mas acredito que vocês não usem estes ônibus. Imagino também que, pelo padrão salarial de vocês, já se livraram deste problema. No entanto, mesmo que não os usem, já foram informados de quão insatisfeitos os usuários estão com o serviço. Daí a necessidade de melhorar a imagem da Fetranspor.

Agora, me pergunto, como vocês podem ser tão insensíveis a ponto de continuar com esta mentira? 

Como vocês podem pretender humilhar a população do Rio de Janeiro melhorando a imagem de algo que não presta? Onde está a ética da publicidade, que aceita jogar a poeira embaixo do tapete, simplesmente enganando as pessoas com belas frases? Tudo isso em troca da imensa quantia que a Fetranspor pode lhes pagar?

Peço que ponham a mão em suas consciências e recusem este cliente. Ou que trabalhem para ele apenas quando o serviço oferecido for realmente bom, o que nós todos que precisamos usar os ônibus desta cidade realmente merecemos.

Atenciosamente.

COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

22 "curtidas" e 10 comentários depois, chega-nos o post acima. De fato, a ONG/Sindicato dos proprietários das empresas de ônibus do Rio de Janeiro já anuncia na mídia há muito tempo, sob o slogan mencionado e outros, de campanhas anteriores. A FETRANSPOR é um anunciante de peso. São milhões em propaganda. Investimento demais em meios e de menos nos fins. Por ora, só o usuário, ou um conjunto deles, poderia fazer frente ao acinte da propaganda enganosa. O caminho mais curto, para além do protesto midiático, é o Ministério Público Estadual.

domingo, 14 de julho de 2013

ROAD SHOW do Observatório da Comunicação Institucional começa em ALTO ASTRAL!


Este sábado, 13 de julho de 2013, vai ficar para a história! A história daquelas pessoas que prestigiaram a primeira etapa do road show do OCI, na FACHA.

Foi um café-da-manhã super-agradável, em que, por pouco mais de duas horas, foi possível a troca de ideias sobre o ideal que moveu quatro errepês a criar a iniciativa.

A cobertura fotográfica e em vídeo será publicada, ao longo desta semana, no próprio Portal OCI, em www.observatoriodacomunicacao.com.br.

Na ocasião, firmou-se o statement que melhor define o espírito do OCI, e que será adotado como slogan - parte integrante da divulgação da sua marca:

Observatório da Comunicação Institucional: MUITO ALÉM DO DISCURSO.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

SÁBADO, 13 de julho, "ROAD SHOW" DO OBSERVATÓRIO DA COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL: 1a. PARADA - FACHA!

Venha tomar um café-da-manhã com o OCI na FACHA, dia 13 de julho, de 9 às 12 horas.


Este será o primeiro dia de um novo tempo para as Relações Públicas, no Rio e no Brasil.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

A expressão "nada a declarar", símbolo da ditadura, perdura impune.


Na edição de hoje do jornal O Globo, um tapa na cara da cidadania carioca foi desferido por um integrante do setor que mais se beneficia da cidade; um grande hotel, em plena orla do Leblon.

A manchete:

"Robô flagra ligação clandestina de esgoto no Hotel Marina Palace"

A notícia, por Emanuel Alencar:

"Pequenino, pesando apenas sete quilos, ele é capaz de mostrar com detalhes - e em tempo real - uma face menos nobre do Leblon. Há um mês mapeando as tubulações do bairro, um robô flagrou ligação clandestina na rede de esgoto em frente ao Hotel Marina Palace, na esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua João Lira...", e por aí vai...

A propaganda não é enganosa, mas omissa:

No website do hotel, nenhuma menção sequer ao discurso politicamente correto de sustentabilidade socioambiental...

Lê-se, apenas:

Descubra o prazer de se hospedar no bairro mais charmoso do Rio de Janeiro, de frente para a 
Praia do Leblon.

Relaxe em apartamentos e suítes muito confortáveis, bem decorados e com uma vista para o mar 
de tirar o fôlego.

Surpreenda-se com um menu de serviços capaz de atender a quase todos os seus desejos e delicie-se com uma gastronomia exclusiva.

Se ainda assim estiver faltando algo, teremos prazer em providenciar.

Ainda, segundo a matéria, a desfaçatez e o nada a declarar:

"Procurado pelo GLOBO, o Hotel Marina informou que faz manutenção em suas caixas de gordura uma vez por semana". E acrescentou que "não recebeu nenhum comunicado oficial sobre qualquer ocorrência'."

COMENTÁRIO DO OCI - Marcondes Neto

Mais grave do que poluir - é preciso apurar se o despejo clandestino não vem de outro bacana... - é acreditar que uma nota bisonha dessas sacia os cidadãos leitores, contribuintes, banhistas e eleitores...